quarta-feira, 28 de julho de 2010

O que é justiça?

O que é justiça?


Pedro Wellington Alves da Silva




           


É comum as pessoas afirmarem com veemência que estão sendo justas em suas decisões bem como suas condutas. Mas o que leva a conclusão de que uma coisa é ou não justa? Evidentemente que justiça é algo relativo, cada pessoa terá sua concepção do que é justo e do que não é. Mas como encontrar este meio termo, agradar ao maior número de pessoas sem ter que com isso cometer injustiças com as demais?
          Esse dilema parece não ter solução, mas o simples fato de haver esta preocupação, esta discussão, faz como que o ideal de justiça esteja sendo ao menos almejado. Não é errado reconhecer que algo é extremamente difícil de ser atingido, no entanto é mais absurdo afirmar com consistência que esse ideal está sendo atingido. O que se percebe diante de tal postura é uma grande farsa diante do que de fato acontece. O mundo é sim injusto e sempre foi o que não se pode é aceitar que sempre será! Um simples gesto de conivência torna cada vez mais forte essa força que empurra a humanidade para um abismo. Até mesmo uma simples omissão se caracteriza como um ato de egoísmo, mesquinho.
        Não é querer demais que todos tenham o mínimo necessário para levar uma vida digna, sem que seja mister inclinar-se para a desonestidade. Existem pessoas que cometem atitudes absurdas e até vivem bem deste modo. No entanto não dormem tranquilamente ao se verem sozinhos apenas com seus pensamentos. Ao menos parece ser este o único castigo para aqueles a quem a justiça não consegue tocar. Pior ainda são aqueles que nem diante desta sanção se sentem incomodados, agindo como se seus atos fossem normais, necessários.
       Um discurso retórico que apenas vem fundamentar, sob o apoio de inúmeras teorias, um ato ilegítimo, não pode ser acolhido espontaneamente de forma natural. É preciso não se deixar fascinar diante de belas palavras que contem em seu bojo, um aspecto imoral, descarado e sínico.
       Manter um pensamento crítico, alimentado de coisas realmente boas, comprometidas com a ética e o bom senso, parece ser a única esperança diante do que se vê no dia-a-dia. É preciso desconfiar cada vez mais do que é considerado justo. Não aceitar com tolerância apenas um ponto de vista, pois visto que a justica não é unilateral, nem tão pouco bilateral, ela é multilateral, devendo deste modo ser avaliada com muita delicadeza, ou melhor, com muito mais altruísmo. A empatia precisa florescer em meio ao caos que se vive, para que a convivência seja ao menos suportável e qualquer principio de injustiça seja inteiramente insuportável.


                                                                                                                            29, de junho de 2010